sábado, 11 de dezembro de 2010

VERDADES DE NOSSAS VIDAS

Por todos os nossos atos e por tudo que passamos,
Por tudo que vivemos até o presente,
Por nossas vitórias e derrotas,
Por nossos risos e choros,
Por tudo que colhemos com a nossa semeadura
Por tudo e todos, que odiamos e amamos...
Só ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando,
A certeza de que é preciso continuar,
A certeza que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto devemos:
FAZER DA INTERRUPÇÃO UM NOVO CAMINHO,
DA QUEDA, UM PASSO DE DANÇA,
DO MEDO, UMA ESCADA,
DO SONHO, UMA PONTE,
DA PROCURA... UM ENCONTRO.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Acender o fósforo repetidas vezes

Ignácio Loyola Brandão - O Estado de S.Paulo - 19 de novembro de 2010
Depois da colisão com Monteiro Lobato, veio a escorregadela do Enem. Esse ministério não aprende que errar uma vez é humano, errar duas é burrice. Vem também o ministro dizer que os critérios para avaliação internacional do ensino brasileiro, abaixo do da Cochinchina, estão errados e que temos um alto nível. De onde será que o ministério olha? Como avalia? O que salva o ensino brasileiro são atitudes isoladas que, felizmente, existem aos borbotões. Tenho andando, sentido e testemunhado. Como esquecer as professoras que fazem da Casa Meio Norte, em Teresinha, um exemplo esplendoroso (palavra boa, sonora) de como ensinar contra todas as adversidades?
Dia desses, estive em Santo André, convidado pela Luciana Tavares, bibliotecária da Escola 221 do Sesi. Foi uma alegria chegar e ser recebido com um tapete vermelho feito de papel pardo com tiras coloridas. Símbolo afetuoso que os alunos montaram atravessando todo o pátio até a biblioteca. Comoveu ver alunos do ensino médio com o meu romance Não Verás País Nenhum - que não é fácil de ler - nas mãos, porque o livro está sendo trabalhado ali. Algum tempo atrás, quem compareceu foi o Rubem Alves, um parceiro meu em viagens deste tipo. Falar do Brasil, da literatura, da educação, abrir cabeças, abrir mundos, iluminar caminhos. Em momentos assim, tanto Rubem como eu fazemos a mala, esquecemos cachês e trabalhamos por amor. Compensa, alegra.
Há por essa imensidão do Brasil, sim, há, centenas de professores e bibliotecários idealistas lutando para realizar alguma coisa contra currículos esquisitos, diretores obsoletos, normas mal formuladas, entraves burocráticos, kafkianos, incompreensões. Porém, eles vão em frente. Comovente ver os alunos da 221 interessados em literatura, apaixonados por um livro que, tendo sido escrito há 30 anos e sendo meu livro mais traduzido, acabou mostrando a realidade que chegou à nossa porta: o aquecimento global, a angústia da falta d"água, as cidades superpovoadas, a violência, os congestionamentos, as doenças indiagnosticáveis, a miséria. Os professores que estão estudando o Não Verás avançam nas propostas, fazem uma análise abrangente, o que se vê é a própria história do Brasil e as consequências de políticas obsoletas.
Quinze dias depois, eu estava em Sorocaba, diante dos alunos do Objetivo que, orientados pela professora Marisa Telo, tinham virado de cabeça para baixo o livro de contos Cadeiras Proibidas. Metáfora do tempo da ditadura que, mais do que nunca, vem sendo adotado e lido por jovens, dado seu tom fantástico, que excita a imaginação. Ora, em lugar de uma palestra, o que se viu? Um concurso de contos. A partir da inspiração do Cadeiras, que mostra como o absurdo não existe, a realidade é mais absurda que ele, os alunos escreveram 67 contos incríveis. Disse a eles que eu assinaria qualquer um deles. Foi feito um volume, Carteiras Proibidas, que será editado como livro normal. Farei o prefácio.
Faço esta crônica para meus leitores normais, mas principalmente para professores, para dar coragem e dizer: tentem, mudem, avancem, acreditem na fantasia e na imaginação dos jovens, incentivem, arranquem o que eles têm dentro pronto a explodir. Eliminar repreensões, barreiras, cerceamentos. Na sequência, em Sorocaba, os alunos me entrevistaram, perguntaram tudo, inclusive passando pela ridícula "proibição" de Monteiro Lobato e pela polêmica que se estabeleceu em torno de meu conto Obscenidades Para Uma Dona de Casa, que está na antologia Os Cem Melhores Contos do Brasil, organizada por Ítalo Moriconi. Disse - como já tinha dito em Santo André, onde o conto encontrou resistência em uma parcela de professores e pais - que é lamentável que mentalidades inquisitoriais ainda subsistam em pleno 2010. O homem já foi à Lua, corações são transplantados, a vida humana vem sendo prolongada, a longevidade é cada dia mais extensa, a pílula anticoncepcional já existe, camisinhas são vendidas na caixa do supermercado, o mundo é globalizado, a internet está aí, o celular, o iPhone, o iPad, o iPod, o twitter, e há gente parada no tempo do ponto de vista da moral. Por que ainda há palavras que incomodam, sendo palavras da linguagem coloquial? Por que muitos pais não dialogam com os filhos para saber o que se passa em matéria de sexualidade? Por que os pais não dialogam com professores e autores? Por que atitudes hipócritas de censura, esta que foi o braço direito da ditadura, a arma de qualquer sistema totalitário de esquerda ou direita?
Nesses momentos me lembro de Érico Veríssimo em Solo de Clarineta, suas memórias: "Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto."
É bom quando a literatura é dada com liberdade, espontaneidade, amor, sem preconceitos. Assim ela será recebida. É triste quando se faz da literatura, mesmo que poética, falando da solidão, do tédio e da angústia, algo feio, sujo, pecaminoso, condenação ao fogo do inferno. E os prazeres onde ficam? Ainda bem que existem Lucianas e Marisas no Brasil e existem aos montes. Uso sem medo o lugar-comum: por meio delas, homenageio todos os professores e bibliotecários deste País.

Como foi bom ler isso!!!

domingo, 21 de novembro de 2010

A Pequena Alma e o Sol

Neale Donald Walsch
Era uma vez, em tempo nenhum, uma Pequena Alma que disse a Deus:
- Eu sei quem sou!
E Deus disse:
- Que bom! Quem és tu?
E a Pequena Alma gritou:
- Eu sou Luz
E Deus sorriu.
- É isso mesmo! - exclamou Deus. - Tu és Luz!
A Pequena Alma ficou muito contente, porque tinha descoberto aquilo que todas as almas do Reino deveriam descobrir.
- Uauu, isto é mesmo bom! - disse a Pequena Alma.
Mas, passado pouco tempo, saber quem era já não lhe chegava. A pequena Alma sentia-se agitada por dentro, e agora queria ser quem era. Então foi ter com Deus (o que não é má idéia para qualquer alma que queira ser Quem Realmente É) e disse: - Olá Deus! Agora que sei Quem Sou, posso sê-lo?
E Deus disse:
- Quer dizer que queres ser Quem já És?
- Bem, uma coisa é saber Quem Sou, e outra coisa é sê-lo mesmo. Quero sentir como é ser a Luz! - respondeu a pequena Alma.
- Mas tu já és Luz - repetiu Deus, sorrindo outra vez.
- Sim, mas quero senti-lo! - gritou a Pequena Alma.
- Bem, acho que já era de esperar. Tu sempre foste aventureira - disse Deus com uma risada. Depois a sua expressão mudou.
- Há só uma coisa...
O quê? - perguntou a Pequena Alma.
- Bem, não há nada para além da Luz.
Porque eu não criei nada para além daquilo que tu és; por isso, não vai ser fácil experimentares-te como Quem És, porque não há nada que tu não sejas.
- Hã? - disse a Pequena Alma, que já estava um pouco confusa.
- Pensa assim: tu és como uma vela ao Sol. Estás lá sem dúvida. Tu e mais milhões, ziliões de outras velas que constituem o Sol. E o Sol não seria o Sol sem vocês. 'Não seria um sol sem uma das suas velas... e isso não seria de todo o Sol, pois não brilharia tanto. E no entanto, como podes conhecer-te como a Luz quando estás no meio da Luz - eis a questão'.
- Bem, tu és Deus. Pensa em alguma coisa! - disse a Pequena Alma mais animada.
Deus sorriu novamente.
- Já pensei. Já que não podes ver-te como a Luz quando estás na Luz, vamos rodear-te de escuridão - disse Deus.
- O que é a escuridão? perguntou a Pequena Alma.
- É aquilo que tu não és - replicou Deus.
- Eu vou ter medo do escuro? - choramingou a Pequena Alma.
- Só se o escolheres. Na verdade não há nada de que devas ter medo, a não ser que assim o decidas. Porque estamos a inventar tudo. Estamos a fingir.
- Ah! - disse a Pequena Alma, sentindo-se logo melhor.
Depois Deus explicou que, para se experimentar o que quer que seja, tem de aparecer exactamente o oposto.
- É uma grande dádiva, porque sem ela não poderíamos saber como nada é - disse Deus - Não poderíamos conhecer o Quente sem o Frio, o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o Lento. Não poderíamos conhecer a Esquerda sem a Direita, o Aqui sem o Ali, o Agora sem o Depois. E por isso, - continuou Deus - quando estiveres rodeada de escuridão, não levantes o punho nem a voz para amaldiçoar a escuridão. Sê antes uma Luz na escuridão, e não fiques furiosa com ela. Então saberás Quem Realmente És, e os outros também o saberão. Deixa que a tua Luz brilhe tanto que todos saibam como és especial!'
- Então posso deixar que os outros vejam que sou especial? - perguntou a Pequena Alma.
- Claro! - Deus riu-se. - Claro que podes! Mas lembra-te de que 'especial' não quer dizer 'melhor'! Todos são especiais, cada qual à sua maneira! Só que muitos esqueceram-se disso. Esses apenas vão ver que podem ser especiais quando tu vires que podes ser especial!
- Uau - disse a Pequena Alma, dançando e saltando e rindo e pulando. - Posso ser tão especial quanto quiser!
- Sim, e podes começar agora mesmo - disse Deus, também dançando e saltando e rindo e pulando juntamente com a Alma - Que parte de especial é que queres ser?
- Que parte de especial? - repetiu a Pequena Alma. - Não estou a perceber.
- Bem, - explicou Deus - ser a Luz é ser especial, e ser especial tem muitas partes. É especial ser bondoso. É especial ser delicado. É especial ser criativo. É especial ser paciente. Conheces alguma outra maneira de ser especial?
A Pequena Alma ficou em silêncio por um momento.
- Conheço imensas maneiras de ser especial! - exclamou a Pequena Alma - É especial ser prestável. É especial ser generoso. É especial ser simpático. É especial ser atencioso com os outros.
- Sim! - concordou Deus - E tu podes ser todas essas coisas, ou qualquer parte de especial que queiras ser, em qualquer momento. É isso que significa ser a Luz.
- Eu sei o que quero ser, eu sei o que quero ser! - proclamou a Pequena Alma com grande entusiasmo. - Quero ser a parte de especial chamada 'perdão'. Não é ser especial alguém que perdoa?
- Ah, sim, isso é muito especial, assegurou Deus à Pequena Alma.
- Está bem. É isso que eu quero ser. Quero ser alguém que perdoa. Quero experimentar-me assim - disse a Pequena Alma.
- Bom, mas há uma coisa que devias saber - disse Deus.
A Pequena Alma já começava a ficar um bocadinho impaciente. Parecia haver sempre alguma complicação.
- O que é? - suspirou a Pequena Alma.
- Não há ninguém a quem perdoar.
- Ninguém? A Pequena Alma nem queria acreditar no que tinha ouvido.
- Ninguém! - repetiu Deus. Tudo o que Eu fiz é perfeito. Não há uma única alma em toda a Criação menos perfeita do que tu. Olha à tua volta.
Foi então que a Pequena Alma reparou na multidão que se tinha aproximado. Outras almas tinham vindo de todos os lados - de todo o Reino - porque tinham ouvido dizer que a Pequena Alma estava a ter uma conversa extraordinária com Deus, e todas queriam ouvir o que eles estavam a dizer. Olhando para todas as outras almas ali reunidas, a Pequena Alma teve de concordar.
Nenhuma parecia menos maravilhosa, ou menos perfeita do que ela. Eram de tal forma maravilhosas, e a Luz de cada uma brilhava tanto, que a Pequena Alma mal podia olhar para elas.
- Então, perdoar quem? - perguntou Deus.
- Bem, isto não vai ter piada nenhuma! - resmungou a Pequena Alma - Eu queria experimentar-me como Aquela que Perdoa. Queria saber como é ser essa parte de especial.
E a Pequena Alma aprendeu o que é sentir-se triste.
Mas, nesse instante, uma Alma Amiga destacou-se da multidão e disse:
- Não te preocupes, Pequena Alma, eu vou ajudar-te - disse a Alma Amiga.
- Vais? - a Pequena Alma animou-se. - Mas o que é que tu podes fazer?
- Ora, posso dar-te alguém a quem perdoares!
- Podes?
- Claro! - disse a Alma Amiga alegremente. - Posso entrar na tua próxima vida física e fazer qualquer coisa para tu perdoares.
- Mas por quê? Porque é que farias isso? - perguntou a Pequena Alma. - Tu, que és um ser tão absolutamente perfeito! Tu, que vibras a uma velocidade tão rápida a ponto de criar uma Luz de tal forma brilhante que mal posso olhar para ti! O que é que te levaria a abrandar a tua vibração para uma velocidade tal que tornasse a tua Luz brilhante numa luz escura e baça? O que é que te levaria a ti, que danças sobre as estrelas e te moves pelo Reino à velocidade do pensamento, a entrar na minha vida e a tornares-te tão pesada a ponto de fazeres algo de mal?
- É simples - disse a Alma Amiga. - Faço-o porque te amo.
A Pequena Alma pareceu surpreendida com a resposta.
- Não fiques tão espantada - disse a Alma Amiga - tu fizeste o mesmo por mim. Não te lembras? Ah, nós já dançamos juntas, tu e eu, muitas vezes. Dançamos ao longo das eternidades e através de todas as épocas. Brincamos juntas através de todo o tempo e em muitos sítios. Só que tu não te lembras. Já fomos ambas o Todo. Fomos o Alto e o Baixo, a Esquerda e a Direita. Fomos o Aqui e o Ali, o Agora e o Depois. Fomos o Masculino e o Feminino, o Bom e o Mau - fomos ambas a vítima e o vilão. Encontramo-nos muitas vezes, tu e eu; cada uma trazendo à outra a oportunidade exata e perfeita para Expressar e Experimentar Quem Realmente Somos.
- E assim, - a Alma Amiga explicou mais um bocadinho - eu vou entrar na tua próxima vida física e ser a 'má' desta vez. Vou fazer alguma coisa terrível, e então tu podes experimentar-te como Aquela Que Perdoa.
- Mas o que é que vais fazer que seja assim tão terrível? - perguntou a Pequena Alma, um pouco nervosa.
- Oh, havemos de pensar nalguma coisa - respondeu a Alma Amiga, piscando o olho.
Então a Alma Amiga pareceu ficar séria, disse numa voz mais calma:
- Mas tens razão acerca de uma coisa, sabes?
- Sobre o quê? - perguntou a Pequena Alma.
- Eu vou ter de abrandar a minha vibração e tornar-me muito pesada para fazer esta coisa não muito boa. Vou ter de fingir ser uma coisa muito diferente de mim. E por isso, só te peço um favor em troca.
- Oh, qualquer coisa, o que tu quiseres! - exclamou a Pequena Alma, e começou a dançar e a cantar: - Eu vou poder perdoar, eu vou poder perdoar!
Então a Pequena Alma viu que a Alma Amiga estava muito quieta.
- O que é? - perguntou a Pequena Alma.
- O que é que eu posso fazer por ti? És um anjo por estares disposta a fazer isto por mim!
- Claro que esta Alma Amiga é um anjo! - interrompeu Deus, - são todas! Lembra-te sempre: Não te enviei senão anjos.
E então a Pequena Alma quis mais do que nunca satisfazer o pedido da Alma Amiga.
- O que é que posso fazer por ti? - perguntou novamente a Pequena Alma.
- No momento em que eu te atacar e atingir, - respondeu a Alma Amiga - no momento em que eu te fizer a pior coisa que possas imaginar, nesse preciso momento...
- Sim? - interrompeu a Pequena Alma - Sim?
A Alma Amiga ficou ainda mais quieta.
- Lembra-te de Quem Realmente Sou.
- Oh, não me hei de esquecer! - gritou a Pequena Alma - Prometo! Lembrar-me-ei sempre de ti tal como te vejo aqui e agora.
- Que bom, - disse a Alma Amiga - porque, sabes, eu vou estar a fingir tanto, que eu própria me vou esquecer. E se tu não te lembrares de mim tal como eu sou realmente, eu posso também não me lembrar durante muito tempo. E se eu me esquecer de Quem Sou, tu podes esquecer-te de Quem És, e ficaremos as duas perdidas. Então, vamos precisar que venha outra alma para nos lembrar às duas Quem Somos.
- Não vamos, não! - prometeu outra vez a Pequena Alma. - Eu vou lembrar-me de ti! E vou agradecer-te por esta dádiva - a oportunidade que me dás de me experimentar como Quem Eu Sou.
E assim o acordo foi feito. E a Pequena Alma avançou para uma nova vida, entusiasmada por ser a Luz, que era muito especial, e entusiasmada por ser aquela parte especial a que se chama Perdão. E a Pequena Alma esperou ansiosamente pela oportunidade de se experimentar como Perdão, e por agradecer a qualquer outra alma que o tornasse possível.
E, em todos os momentos dessa nova vida, sempre que uma nova alma aparecia em cena, quer essa nova alma trouxesse alegria ou tristeza - principalmente se trouxesse tristeza - a Pequena Alma pensava no que Deus lhe tinha dito.

Lembra-te sempre - Deus aqui tinha sorrido - não te enviei senão anjos!
Enviado por : Marcelo Dalla

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Se não quiser adoecer...

Drauzio Varela
Se não quiser adoecer – “Tome decisão”.
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer – “Não viva de aparências”.
Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está  bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho, etc... está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer – “Aceite-se”.
A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores.
Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.

Se não quiser adoecer – “Confie”.
Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.

Se não quiser adoecer – “Não viva sempre triste”.
O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. “O bom humor nos salva das mãos do doutor”. Alegria é saúde e terapia.
"É preciso viver, não apenas existir."
(Plutarco)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Calem a Boca Nordestinos

Por José Barbosa Junior

O que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”.
Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos “amigos” Houaiss e Aurélio) do nosso país.
E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!
Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!
Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?
Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?
Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?
Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial  Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos… pasmem… PAULISTAS!!!
E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.
Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.
Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura…
Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner…dentre tantos outros...
E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melodias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia…
Ah! Nordestinos…
Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura? E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros á força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país? Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?
Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.
Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!
Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam
levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!
Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário… coisa da melhor qualidade!
Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil!  Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso… mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!
Minha mensagem então é essa: – "Calem a boca, nordestinos!"
Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.
Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.
Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”
Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O sermão do padre durante o casamento

por Mario Quintana
Mario Quintana foi um dos maiores poetas brasileiros. Nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1906 e morreu em Porto Alegre.
Sua poesia foi caracterizada especialmente pela simplicidade, utilização de uma linguagem coloquial e cotidiana, além de exprimir um sutil humor. Neste texto o poeta expressou o que achava do sermão dos padres durante o casamento.

"Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre: 'Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?'
Acho simplista e um pouco fora da realidade.
Dou aqui novas sugestões de sermões:

“Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade”?
Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
Promete se deixar conhecer?
Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher.
Declaro-os maduros!

Mulher, vc é Bruxa

É preciso magia pra manter ou sair de uma relação, amorosa ou profissional, inteira, forte.
É preciso muita magia pra passar anos, vários anos, trabalhando 24 Horas por dia, sem direito a salário ou férias, acumulando as funções de Babá, Motorista, Administradora, Cozinheira, Psicóloga, Enfermeira, e sei lá o que mais, sabendo de antemão que quando aquelas gracinhas que tanto trabalho dão, tiverem "virado gente", tiverem a cabeça amadurecida, boa pra um papo gostoso, pra te fazer companhia, vai ser também, o tempo delas tomarem o volante de suas vidas e correrem atrás do futuro.
É preciso uma tremenda magia, pra se manter centrada e bem quando toda uma cultura te chama de "velha" como se isso fosse um defeito grave. 
É preciso magia "da boa" pra não lastimar o que não deu pra fazer.  Pra aceitar ou ir atrás das coisas, mesmo que fora de hora, ou pelo menos, fora da hora da maioria, mas a tua hora. A hora em que você se sentiu preparada pra essa luta. 
A magia é necessária na hora de "dar uma virada" no lado profissional ou sentimental, de estudar aquilo que você acha "incrível". . . de aceitar com serenidade, com paz, os filhos que não vieram por vontade tua ou da própria vida . . . as rugas . . . o corpo meio diferente apesar do esforço, da malhação . . . o cabelo grisalho . . . Sem deixar que isso te transforme em um serzinho inútil.
Diga lá ! Essas coisas valem mais que você ?
Que o teu amor espalhado por aí por tanto tempo ?
Que a tua gargalhada ?
Que o teu prazer ?
Me poupe Menina ! (mesmo que os mais jovens digam que é menina de outrora ).
Não se esqueça de se manter Menina até o fim ! Não abandone a criança que mora lá no fundo, a tua melhor parte. A mais pura e mais forte.
É preciso ser Bruxa pra procurar as tuas verdades, quando elas não são as mesmas das pessoas com quem você convive mais de perto. E com isso arriscar-se a encarar as perdas com coragem.
É preciso ser muito Bruxa pra finalmente reconhecer e "fazer amizade" com a solidão que por tanto tempo você tentou não ver...
È necessário ser Bruxa pra não desistir, não perder a coragem, quando a saúde tenta te dar uma rasteira...
É necessário fazer a mágica de tirar teus sonhos do Baú, onde estiveram guardados por todo esse tempo em que você os deixou esperando e tratar de lutar por eles, por mais bobos e infantis que possam parecer... pra finalmente pensar primeiro na tua alegria, só depois... nos outros .
Pra cuidar de você mesma enquanto há tempo...

Sissi Loeb
Novembro 1999

O ACORDO QUE FIZEMOS

1. Receberás um corpo
Podes gostar dele ou não, mas será teu durante todo o período desta existência.

2. Aprenderás lições
Estás o tempo todo numa escola informal chamada vida. Em cada dia nesta escola terás a oportunidade de aprender lições. Podes apreciar as lições, ou considerá-las estúpidas e desnecessárias.

3. Não há erros, apenas lições.
O crescimento é um processo de tentativa e erro, de experimentação. As experiências falhadas fazem tanto parte do processo como as experiências bem-sucedidas.

4. Uma lição é repetida até ser aprendida.
Uma lição será apresentada sob várias formas até que tu a aprendas. Aí poderás seguir para a lição seguinte.

5. O processo de aprendizagem de lições não termina.
Não há nenhuma parte na vida que não contenha lições. Se estás vivo, há lições para aprender.

6. O ali não é melhor do que o aqui.
Quando o teu ali se transformar em aqui, simplesmente arranjarás, de novo, outro ali que te parecerá melhor do que o aqui.

7. Os outros são apenas espelhos teus.
Não podes amar ou odiar algo numa pessoa a não ser que isso reflita algo que odeies ou ames em ti.

8. O que fazes da tua vida é contigo.
Tens todas as ferramentas e recursos que necessitas. Aquilo que fazes com eles é da tua responsabilidade. A escolha é tua.

9. As respostas encontram-se dentro de ti.
As respostas para as perguntas da vida encontram-se dentro de ti. Tudo o que precisas fazer é olhar, ouvir e confiar.

10. Quer penses que podes ou que não podes, em qualquer dos casos estarás certo.

Convívio

“Ainda jovem, eu imaginava que um convívio seria harmonioso quando a outra pessoa se amoldasse às minhas idéias e, da mesma forma, quando às dela eu me ajustasse. Hoje, não aceito que essa mútua acomodação, quem sabe até abdicação, possa forjar um saudável relacionamento. Percebo o êxito de uma convivência quando cada um preserva as suas idéias, sem mutilação, com entusiasmo pelos benefícios das possíveis diferenças e até mesmo pelos novos conceitos que a relação faz aproximar. Jovem, imaginava ainda que para eu experimentar uma recompensadora convivência seria necessário dela extrair o melhor proveito. Embora inconscientemente, eu me empenhava obstinadamente para isso. O tempo me ensinou que para eu tirar da relação o melhor para mim, nela eu devo colocar o melhor de mim... Coisas simples como essas desfizeram, em mim, a noção da complexidade das relações...” ( Xamã Ererê - http://www.xamas.com.br/ )


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MORRER

"Nós estamos acostumados a ligar a palavra morte apenas à ausência de vida  e isso é um erro.
Existem outros tipos de morte e precisamos morrer todo dia.
A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente, não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma, não existe borboleta sem a morte da lagarta, isso é óbvio! A morte nada mais é do que o ponto de partida para o início de algo novo.
"É a fronteira entre o passado e o futuro."
Se você quer ser um bom universitário, mate dentro de você o secundarista aéreo que acha que ainda tem muito tempo pela frente.
Quer ser um bom profissional?
Então mate dentro de você o universitário descomprometido que acha que a vida se resume a estudar só o suficiente para fazer as provas.
Quer ter um bom relacionamento?
Então mate dentro de você o jovem inseguro, ciumento, crítico, exigente, imaturo, egoísta ou o solteiro solto que pensa poder fazer planos sozinho, sem ter que dividir espaços, projetos e tempo com mais ninguém.
Quer ter boas amizades??
Então mate dentro de si a pessoa insatisfeita ou descompromissada, que só  pensa em si mesmo.
Mate a vontade de tentar manipular as pessoas de acordo com a sua conveniência.
Respeite seus amigos, colegas de trabalho, vizinhos.
 Enfim, todo processo de evolução exige que matemos o nosso "eu" passado, inferior.
E, qual o risco de não agirmos assim?
O risco está em tentarmos ser duas pessoas ao mesmo tempo, perdendo o nosso foco, comprometendo essa produtividade, e, por fim, prejudicando nosso sucesso.
Muitas pessoas não evoluem porque ficam se agarrando ao que eram, não se projetam para o que serão ou desejam ser.
Elas querem a nova etapa, sem abrir mão da forma como pensavam ou como agiam.
Acabam se transformando em projetos acabados, híbridos, adultos infantilizados.
Podemos até agir, às vezes, como meninos, de tal forma que não matemos as virtudes de criança que também são necessárias a nós, adultos, como: brincadeira, sorriso fácil, vitalidade, criatividade, tolerância etc.
Mas, se quisermos ser adultos, devemos necessariamente matar atitudes infantis, para passarmos a agir como ADULTOS.
Quer ser alguém (líder, profissional, pai ou mãe, cidadão ou cidadã, amigo ou amiga) melhor e mais evoluído?
Então, o que você precisa matar em si, ainda hoje, é o "egoísmo" e o "egocentrismo", para que nasça o SER que você tanto deseja ser !!
Pense nisso e morra! Mas, .. não esqueça de nascer melhor ainda!"
Paulo Angelim

domingo, 7 de novembro de 2010

Coisas da alma

Quando minha alma encolhe, vira uma bola diminuta que pesa como chumbo, como luto. Não agüenta me olhar nos olhos e vaga cabisbaixa, desconhecendo-se, estranhando-me.
Quando acuada, esconde-se em cantos escuros e eu só a encontro porque ela pesa demais, pulsa demais. Sigo o sulco que ela deixa por onde passa, arrastando-se penosamente.
Feito alma penada chora baixo, chora alto, xinga, range os dentes e me diz desaforos, me chama de burra, de covarde. Diz que me detesta e que     se pudesse não seria minha.
Quando encurralada, minha alma mostra garras de fera e se diz refém da minha tristeza. Metida a valentona dá murros no ar, quer sair no braço, dar o troco. Minha alma ferida tem raiva e se envenena, morde a língua, engole o sangue. Minha alma enjaulada é só bravata, aguarda muda a liberdade.
Quando minha alma encolhe, o espaço dentro de mim fica imenso e gelado como uma masmorra, oco como um tronco fulminado, vazio como um teatro abandonado. E ela que vive inchada, expandida e leve, ocupando cada milímetro, soberana e radiante, perde-se perplexa, desamparada. Anda dentro mim sem me ocupar por inteiro. Concentra-se num ponto e fica lá, aquecendo-se, esperneando, remoendo pensamentos, caraminholando planos mirabolantes. Deixo que ela fique onde bem entender pois nessas horas eu também não estou cabendo em canto algum. Somos solidárias, comparsas, temos uma a outra.
Às vezes sinto que ela está no meio do meu peito, cravada como um punhal, latejando como uma coisa viva amordaçada, encruada. Fica lá, apertando meu coração, arranhando paredes, debatendo-se. Tem horas que ela fica quieta, adormece exausta de tanto não ser.
Outras vezes ela vai para minha cabeça e faz todo tipo de estrago. Primeiro ela me enche de formigamentos e pressões e eu acho que vou ter um derrame, cair dura. Depois ela acorda minhas lembranças e me faz despencar sobre o passado, rever todo tipo de cena enquanto eu oscilo entre a ternura e o desespero, entre a vertigem da perda e as certezas do meu coração.
Outro dia ela estava no meu estômago. Irrequieta, irritada, ameaçando sair pela minha boca e descer pelo ralo. Suicida, minha alma queria espatifar-se fora de mim, peixe asfixiado em água envenenada acreditando ser possível viver fora daqueles limites.
Quando ela vai para os meus ouvidos é uma loucura. Fica soprando maledicências, blasfêmias e ladainhas cheias de auto-piedade. Atrevida, me acusa de negligência, incompetência. Me chama de mal-agradecida. Mas às vezes quando finjo que estou dormindo ou quando estou mesmo dormindo, ela me canta cantigas doces, me chama de amiga, de filha, de meu bem, diz que não vive sem mim e que nunca vai me deixar.
Detesto quando ela vai para os meus pés e me faz andar como uma louca, varando madrugadas, percorrendo caminhos imaginários e outros já conhecidos. Fico exausta com os pés em brasas e as pernas doídas. Penso na mula-sem-cabeça que cavalgava meus pesadelos infantis com sua maldição de correr sem trégua nem sossego por toda a noite.
Minha alma assanhada vai de vez em quando para o meu sexo. Instala-se aguerrida, pronta para a briga e só sai de lá satisfeita, vencedora. Ah! Que alma descarada, essa minha...
Conversamos muito, minha alma e eu. Às vezes ela se faz de surda e finge que não sabe nem vê tudo que se passa comigo. Quando tem tempo, quer ouvir tudo da minha própria boca, tintim por tintim. Conto tudo a ela, choro no seu ombro, sento no seu colo e digo que não quero que ela me diga nada que não seja bom. Nenhuma previsão negativa. Só quero saber de final feliz. Minha alma ‘Doris Day’ aciona mil finais felizes com encontros lacrimosos e juras de amor eterno. E eu acredito nela, nem sei por quê.  Talvez por que estejamos as duas viciadas em ser alegres, talvez por que eu seja gêmea dela, talvez seja apenas por que almas não mentem ou pensam que não mentem.
Minha alma vira-lata adora carinho, cafuné. Vai logo abanando o rabo, se enroscando, se derretendo. Doida pra ser feliz, minha alma tem mania de dizer sim à vida e ter esperança. Esperta e vivida, ela sabe que tudo passa e, enquanto espera, ensaia passos de dança, risadas, e acima de tudo, exercita as asas, desenhando estradas no céu. Pragmática, ela sabe que não dá para ficar encolhida para sempre. Antiga, ela sabe que o novo sempre vem.
Quando dorme, sonha que voa, minha alma passarinho.
Incansável, minha alma se levanta todo dia um pouco antes de mim e num trabalho comovente abre as janelas, perfuma a casa, separa minha roupa e me desperta dizendo: Acorda pra vida, amiga!
 Hilda Lucas

Milho de pipoca

Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre...
Assim acontece com a gente.
As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas.
Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor.
Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a  mãe, perder emprego ou ficar pobre.
Pode ser fogo de dentro: pânico, MEDO, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo o sofrimento diminui.
Com isso, a possibilidade da grande transformação também.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro  cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer.
Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si.
Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para  ela.
A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM!
E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado.
Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se  recusam a mudar.
Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura.
No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira.
Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva.
Não vão dar alegria para ninguém.
Nélia Lima

Mantenha

Mantenha suas palavras positivas porque suas palavras tornam-se suas atitudes.
Mantenha suas atitudes positivas porque suas atitudes tornam-se seus hábitos.
Mantenha seus hábitos positivos porque seus hábitos tornam-se seus valores.
Mantenha seus valores positivos porque seus valores... Tornam-se seu destino.

Mahatma Ghandi

A pena mágica

A PENA MÁGICA

"Era uma vez ,um pequeno índio da tribo Pareci, que se chamava Itaguirá.
Itaguirá era pequeno e fraquinho, diferente de seus amigos, que mesmo tendo a mesma idade, eram bem maiores e mais fortes. Alem disso, Itaguirá era muito medroso. Tinha medo de escuro, de água, de monstro, de bichos da floresta,  de trovão, do desconhecido e de muitas outras coisas. Seus amigos o chamavam de covarde. Enquanto os outros índios aprendiam com seus pais a caçar e a pescar ,Itaguirá ficava com as mulheres e as crianças pequenas.
O tempo foi passando e os amigos de Itaguirá foram ficando fortes, crescidos e corajosos. Itaguirá continuava pequeno, fraquinho e medroso. Por isso os amigos nem procuravam mais Itaguirá para brincar.
As meninas índias também só admiravam os índios corajosos e nem olhavam para Itaguirá. Então, percebendo que estava sozinho e sem amigos ,ele ficou muito triste. Resolveu se abrir com sua avó; é com ela que ele conversava e contava seus segredos. A avó, depois de ouvi-lo disse "Itaguirá, o que um índio Pareci pode fazer, outro índio Pareci também pode – essa é a lei da selva que sempre existiu e sempre existirá ". Sua avó aconselhou-o a procurar o grande Pajé, o índio mais velho da aldeia, muito experiente e muito sábio; a todos aconselhava.
Itaguirá foi falar com o Pajé, a quem contou todos os seus problemas. O Pajé disse que viesse encontrá-lo no dia seguinte perto do Grande Rio. Na manhãzinha do outro dia Itaguirá foi se encontrar com o Pajé. Ele já o esperava; deu –lhe uma pena muito bonita e disse que a colocasse na testa, pois aquela era uma pena mágica, com muitos poderes e o ajudaria a ter coragem. Itaguirá colocou a pena na testa e então o Pajé apontou-lhe o rio sem dizer uma palavra.
"-Pajé !!! você está querendo dizer que é para eu pular no rio ? Mas eu não sei nadar...eu tenho medo de água...eu vou morrer afogado..."
"- Você não está com sua pena mágica ? Então não tenha medo, vá ." disse o Pajé.
Itaguirá viu que não tinha jeito e pulou no rio. Primeiro afundou direto. Lá no fundo ele viu como o rio era bonito...peixinhos coloridos nadavam e se escondiam atrás de plantas e pedras de todas as cores...quanta coisa ele havia perdido...mas quando começou a ficar sem ar, passou a se debater, mexendo braços e pernas e quando viu, subiu à tona. "Pajé , eu não morri !!!" Mas o Pajé continuou mostrando –lhe o rio e a outra margem. Itaguirá entendeu que ele lhe dizia para nadar até o outro lado. Ele então se lembrou que estava com sua pena mágica e resolveu arriscar. Foi se debatendo como pode e por fim chegou à outra margem. "Pajé ,consegui !!!" Mas ele não podia ficar naquele lugar; o jeito era nadar de volta para perto do Pajé e assim ele fez, com muito esforço. "Pajé ,essa pena é poderosa mesmo !"
Amanhã, esteja aqui bem cedo ,disse o Pajé.
No dia seguinte Itaguirá chegou cedo, muito animado, com sua pena na testa. O Pajé mandou –o pular novamente no rio e nadar até a outra margem e depois retornar. E assim sucessivamente todos os dias durante 60 dias. Ao fim desse tempo, Itaguirá já nadava muito bem, com muita desenvoltura e sem nem um tiquinho de medo.
Amanhã, disse o Pajé, eu quero encontrá-lo perto da Grande Montanha.
No dia seguinte, desconfiado e com muito medo, Itaguirá foi encontrar o Pajé.
Mas não esqueceu de levar sua pena mágica.
O Pajé assim que o viu fez um sinal para que ele subisse e escalasse a Grande Montanha.
"Pajé, você quer que eu suba?mas é muito perigoso...eu vou me machucar...posso despencar pela encosta...além disso acho que lá em cima tem um urso furioso..."
"Mas você tem a sua pena que o ajudará a ter coragem", disse o Pajé .
E Itaguirá resolveu arriscar. Foi subindo, se agarrando como podia às plantas, às pedras e mesmo se esfolando todo, depois de muito esforço conseguiu chegar no topo.
"Pajé!!! eu consegui!!! e aqui nem tem nenhum urso furioso e a vista é linda de se olhar!"
E Itaguirá foi descendo e escorregando pela encosta e chegou lá embaixo todo arranhado, com a tanga rasgada, mas feliz e orgulhoso.
No dia seguinte voltou ao mesmo lugar e durante 60 dias o Pajé mandou-o escalar a montanha. Nos últimos dias Itaguirá já não tinha a menor dificuldade em subir e descer.
" Pagé ,ainda bem que você me deu essa pena tão poderosa que me dá tanta coragem! ."
No outro dia Pajé encontrou Itaguirá e lhe disse "Hoje vamos realizar nossa terceira missão : você irá caçar um jacaré ."
"Jacaré ?!?!?! mas jacaré é o animal mais difícil de se caçar...ele vai me matar...não dá para a gente caçar uma paca ,um tatu...?"
"Itaguirá ,a sua pena vai ajuda-lo. Eu vou lhe dar um pedaço de pau; quando o jacaré abrir a boca, você deve colocar o pau na boca dele e assim ele não poderá mais fechá-la. Então ele vai começar a dar rabeadas e a saltar. Quando ele saltar, aqui está um facão, que você enterrará bem no coração do jacaré ."
Foram então para a lagoa. Itaguirá estava apavorado, mas como confiava na sua pena, resolveu se arriscar. Pulou dentro da lagoa e não demorou nadinha e já apareceu um jacaré imenso com a boca escancarada. Itaguirá enfiou o pedaço de pau naquela bocarra e o jacaré com dor e sem poder fechar a boca começou a saltar e rabear. Itaguirá esperou o melhor momento e zás! enfiou a faca bem no coração.
"Matei o jacaré ! Pajé, você viu ?"
O Pajé tudo observara e tinha um sorriso nos lábios.
Quando Itaguirá se curvou na lagoa para lavar o facão, ele viu sua imagem refletida na água límpida, e ficou muito admirado com o que viu. Ele havia se transformado num índio grande e muito forte. "Pajé, eu fiquei forte assim ? cheio de músculos ? "
"Claro Itaguirá, pois depois de todos esses dias de treinamento, você se desenvolveu e agora é tão forte, corajoso e grande como qualquer outro índio. Agora você está livre de mim e pode voltar à aldeia e rever seus amigos."
Itaguirá agradeceu muito ao Pajé e quis lhe devolver a pena mágica. Agora ele não precisava mais dela. Seus medos tinham acabado e ele se sentia cheio de coragem. O Pajé poderia dar a pena para um outro indiozinho medroso que aparecesse.
Porem o Pajé pegou a pena e jogou-a no rio. Itaguirá ficou desesperado. e quando se preparava para pular no rio e recuperar a pena, o Pajé lhe disse:
"Deixe-a ir Itaguirá. Essas pena não é mágica. É simplesmente a pena de uma arara que passou voando perto de mim e eu peguei porque achei bonita...Não foi a pena que lhe deu coragem...a coragem estava dentro de você; esteve sempre com você e você não sabia. Mas daqui em diante todas a vezes que precisar, você vai encontrá-la ."
Itaguirá voltou para a aldeia, para seus amigos, para sua casa. Passou então a ser admirado por todos e até arrumou uma namorada...a índia mais bonita de todas !

Voltou também para a casa da avó, que sorriu ao vê-lo e pensou consigo mesma: O que um índio Pareci pode fazer, outro índio Pareci também pode; essa é a lei da selva que sempre existiu e sempre existirá."

Compreensão

Lembre-se, temos que..."Saber Viver
Não sei... Se a vida é curta ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: Colo que acolhe, Braço que envolve, Palavra que conforta, Silêncio que respeita, Alegria que contagia, Lágrima que corre, Olhar que acaricia, Desejo que sacia, Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... “Enquanto durar”

Lei do Caminhão de Lixo

    Um dia peguei um taxi para o aeroporto.
    Estávamos rodando na faixa certa quando de repente um carro preto saltou do estacionamento na nossa frente.
    O motorista do taxi pisou no freio, deslizou e escapou do outro carro por um triz!
    O motorista do outro carro sacudiu a cabeça e começou a gritar para nós, nervosamente.
    O motorista do taxi apenas sorriu e acenou para o cara, fazendo um sinal de positivo.
    E eu quero dizer que ele o fez bastante amigavelmente.
    Assim eu perguntei: 'Porque você fez isto? Este cara quase arruína o seu carro e nos manda para o hospital!'
    Foi quando o motorista do taxi me ensinou o que eu agora chamo 'A Lei do Caminhão de Lixo."
    Ele explicou que muitas pessoas são como caminhões de lixo. Andam por ai carregadas de lixo, cheias de frustrações, cheias de raiva,  traumas e de desapontamento. À medida que suas pilhas de lixo crescem, elas precisam de um lugar para descarregar, e às vezes descarregam sobre a gente. Não tome isso pessoalmente. Isto não é problema seu!
    Apenas sorria, acene, deseje-lhes bem, e vá em frente. Não pegue o lixo de tais pessoas e nem o espalhe sobre outras pessoas no trabalho, em casa, ou nas ruas. Fique tranquilo...
    O princípio disso é que pessoas bem sucedidas não deixam os caminhões de lixo estragarem o seu dia.
    A vida é muito curta para levantar de manhã com sentimentos ruins, aborrecimentos do trabalho, picuinhas pessoais; assim... Ame as pessoas que te tratam bem. Ore pelas que não o fazem. Peça a proteção de Deus para tais pessoas...
    A vida é dez por cento o que você faz dela e noventa por cento a maneira como você a recebe!

Frases de Mario Quintana

Quero começar com frases do Mario Quintana, um poeta "sem frescuras", que fala dum jeito bonito o que a gente sente, faz a cabeça dar várias voltas com uma pequena junção de palavras e até criança entende.

"Pertencer a uma escola poética é o mesmo que ser condenado à prisão perpétua."

"Cada pessoa pensa como pode..."

"Não tem porque interpretar um poema. O poema já é uma interpretação."

"A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda."

"INSCRIÇÃO PARA UM PORTÃO DE CEMITÉRIO Na mesma pedra se encontram, Conforme o povo traduz, Quando se nasce - uma estrela, Quando se morre - uma cruz. Mas quantos que aqui repousam Hão de emendar-nos assim: "Ponham-me a cruz no princípio... E a luz da estrela no fim!"

"Viver é acalentar sonhos e esperanças, fazendo da fé a nossa inspiração maior. É buscar nas pequenas coisas, um grande motivo para ser feliz!"

 "O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser."

"A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas."

"O tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais velho que a gente..."